Estar acima do peso é realmente prejudicial à coluna?

O fato de pessoas acima do peso (seja sobrepeso ou obesidade), que não apresentam dor lombar, e outras com peso normal que são operadas ou apresentam hérnia de disco lombar, nos leva à uma dúvida: será que estar acima do peso é realmente prejudicial à coluna?

A obesidade é uma pandemia que afeta, pelo menos, 10% da população mundial, sendo responsável diretamente por 2,8 milhões de mortes por ano. É um problema médico, social, trabalhista e econômico. Infelizmente, sua prevalência vem aumentando. Além de ser um fator de risco confirmado para doenças cardiovasculares, viscerais, osteoarticualres e metabólicas, a obesidade é prejudicial à coluna vertebral.

Através de um indicador conhecido como Índice de Massa Corporal (IMC), podemos saber se estamos com sobrepeso ou obesidade. O peso ideal é calculado assim: divide-se o peso em Kg pela altura multiplicada por ela mesma. O peso ideal é quando esse valor está entre 18,6 e 24,9. De 25 até 29,9 considera-se sobrepeso, que é o primeiro grau da obesidade. Valores acima de 40 indicam a obesidade mórbida.

dor nas costas

A degeneração do disco em pessoas obesas

A degeneração do disco, que pode ser uma causa de dor lombar e levar ao surgimento da hérnia de disco lombar, é um processo que envolve muitos fatores, muito estudado pela medicina e ainda não esclarecido. O sobrepeso e a obesidade podem causar uma lesão mecânica na coluna, pois a coluna começa a não suportar a carga a qual é submetida, iniciando um processo degenerativo no disco.

Outro modo de ocorrer a lesão no disco relacionada ao aumento de peso é que pessoas obesas estão em um contínuo estado inflamatório, com níveis elevados no sangue de substâncias como proteína C reativa, interleucina 6, fator de necrose tumoral alfa e leptina, conhecidas como marcadores inflamatórios. Existe uma complexa interação metabólica entre adipócitos (células responsáveis pelo armazenamento de gordura no corpo humano) e macrófagos (células de defesa) no tecido adiposo, especialmente no tecido adiposo abdominal central, que desencadeia uma cascata de mediadores pró-inflamatórios que danificam o disco intervertebral. Os níveis também altos de gorduras no sangue, como o colesterol, podem levar à arteriosclerose na circulação lombar e diminuir a circulação sanguínea para o disco.

Além da obesidade, outros fatores estão associados com a dor lombar. Tabagismo, sedentarismo, envelhecimento e fatores relacionados ao estilo de vida são exemplos e muitas vezes estão todos presentes em um mesmo indivíduo.

Outro problema da obesidade em relação à coluna é sua relação com as cirurgias. As cirurgias de coluna em obesos são tecnicamente mais difíceis para o cirurgião, pois necessitam incisões maiores, tempo cirúrgico e sangramento maior e uma pior cicatrização das feridas. O risco de infecção, complicações respiratórias e trombose venosa profunda é maior. As cirurgias minimamente invasivas e endoscópicas de coluna apresentam riscos menores.

Existe relação entre obesidade e dor lombar?

Estudos científicos1-3 mostram que sobrepeso e obesidade aumentam o risco de dor lombar em homens e mulheres, estando altamente associados com a degeneração discal. Portanto, manter um peso considerado saudável é um modo de prevenção da dor lombar e hérnia de disco lombar.

Procure manter uma rotina diária de atividades físicas, controle seu peso corporal, aprenda sobre os alimentos, dê importância para tudo isso. #Cuidar da saúde e não da doença, condicionamento físico preventivo e “alimentação saudável” são fundamentais para longevidade com qualidade.

Referências:

1 – Delgado-López PD, Castilla-Díez JM. Impacto de la obesidad en la fisiopatología de la enfermedad degenerativa discal y en la morbilidad y resultados de la cirugía de columna lumbar. Neurocirugia (Astur). 2018 Mar-Apr;29(2):93-102.
2 – Xu X, Li X, Wu W. Association between overweight or obesity and lumbar disk diseases. J Spinal Disord Tech. 2015; 28: 370–376.
3 – Zhang T, Liu Z, Liu Y, Zhao J, Liu D, Tian Q. Obesity as a risk factor for low back pain: a meta-analysis. Clin Spine Surg 2016; 31:22–7.

 

Flávio Porto Franco Piola é mestre e doutor em Ciências da Saúde Aplicadas ao Aparelho Locomotor (Ortopedia e Traumatologia) – USP
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