Saúde da coluna vertebral no idoso

Inicialmente vamos entender o que significa “idoso”. A idade mínima estabelecida no Brasil para ser idoso é 60 anos (Lei No 10.741, de 1º de outubro de 2003). Independente de qual limite mínimo seja adotado, deve-se considerar que a idade cronológica não é um marcador ideal para as alterações fisiológicas que acompanham o envelhecimento, sendo importante as condições de saúde, nível de independência e nível de participação na sociedade.

Portanto, a idade cronológica não é o único fator para dizermos que fulano é idoso (mais que 60 anos), ancião (de 75 até 90 anos) ou está na velhice extrema (mais que 90 anos). A idade para ser considerado idoso é diferente entre os vários países no mundo.

Estima-se que existam no Brasil mais de 19 milhões de idosos e, com o aumento da expectativa de vida, os problemas de saúde da coluna do idoso também aumentam, sendo então importante o entendimento das particularidades da coluna vertebral nesse grupo de pessoas.

 

SENTIR DOR NA COLUNA ACIMA DOS 60 ANOS É NORMAL?

A resposta é não! Podemos até considerar que é frequente a queixa de dor pelos idosos, principalmente na região lombar, mas daí concluir que ter dor é normal, não.

À medida que a coluna envelhece e suporta os estresses físicos diários, uma perda gradual da força e da mobilidade vai acontecendo. Associado com a redução da produção de diversos hormônios, diminuição da função de outros órgãos e um comprometimento generalizado da mobilidade, a coluna vertebral vai sendo acometida por esses processos degenerativos relacionados com o envelhecimento.

 

ALTERAÇÕES RELACIONADAS AO ENVELHECIMENTO

A “espondilose degenerativa” (“osteaortrose da coluna”, ou simplesmente “artrose da coluna”) é a alteração mais comum, apresentando também fatores hereditários relacionados. A artrose é a degeneração da cartilagem articular, podendo causar a dor no pescoço e mais frequentemente na lombar (artrose facetária); ligamentos vão ficando mais rígidos e menos flexíveis, os discos entre as vértebras vão se desidratando, perdendo sua altura e capacidade de amortecimento; esporões ósseos (bicos de papagaio) vão se formando, crescendo, podendo comprimir nervos (raízes) ou a medula espinal (situação grave).

Com a progressão do processo degenerativo, condições mais graves e incapacitantes podem se desenvolver, até mesmo em uma tentativa do organismo em compensar essas alterações degenerativas, como o aumento da cifose torácica (corcunda), a escoliose do adulto e outras condições que contribuem para um desequilíbrio postural.

A situação do idoso vai se agravando pois, para conviver com a agora doença, limita suas atividades cotidianas, restringe seu convívio social, aumenta uso de medicamentos como anti-inflamatórios e analgésicos, inicia ou agrava um quadro de depressão. Nesta situação há uma piora de sua qualidade de vida. Outro agravante é a sarcopenia, que é a perda da massa muscular, que acontece de forma mais evidente após os 50 anos, principalmente nas mulheres.

 

RELAÇÃO ENTRE SARCOPENIA, QUALIDADE DE VIDA E COLUNA

O que a sarcopenia tem a ver com qualidade de vida e coluna? Se a perda de massa muscular estiver acentuada, temos associação com hipertensão arterial sistêmica, diabete, perda de equilíbrio, risco aumentado de quedas e fraturas e outras comorbidades. Esta condição pode levar a morte mais precocemente. O grande problema para o idoso em relação à sarcopenia é a perda de sua independência, de fazer suas atividades do dia a dia, com possível estado depressivo, pois a maioria não aceita depender de outras pessoas para suas atividades. Na coluna vertebral, a sarcopenia causa um aumento da sobrecarga, com piora da dor e processo degenerativo e aumento de deformidades com aumento da incapacidade funcional.

Alguns idosos com doenças degenerativas da coluna, mesmo portadores de várias comorbidades, sarcopenia, maior risco cirúrgico, vão necessitar da cirurgia da coluna vertebral. A questão importante é que muitos casos poderiam ser resolvidos mais precocemente sem cirurgias. A noção de que um quadro de dor na coluna em idosos deva ser investigada, de que ter dor não é normal (mesmo em idosos) é fundamental na detecção precoce de situações de risco para a progressão da degeneração da coluna.

 

A IMPORTÂNCIA DO ACOMPANHAMENTO MÉDICO

Uma boa orientação médica identificará as doenças da coluna, assim como apontará situações que deverão ser corrigidas na saúde do idoso, como alimentação, atividades físicas e tratamento de outras doenças que carrega. A saúde da coluna do idoso está intimamente relacionada com a sua saúde global, portanto, necessita de um tratamento multidisciplinar, com envolvimento de várias especialidades médicas, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, educadores físicos, terapeutas ocupacionais.

Devemos focar em envelhecer bem ao invés de envelhecer tanto quanto possível. E, quanto à coluna do idoso, a avaliação precoce da dor é de suma importância, pois pode prevenir situações graves em uma idade mais avançada.

 

Flávio Porto Franco Piola, cirurgião de coluna, é mestre e doutor em Ciências da Saúde Aplicadas ao Aparelho Locomotor (Ortopedia e Traumatologia) – USP
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